sexta-feira, 11 de março de 2011

UM EXEMPLO DE VIDA DE CARLOS DE FOUCAULD INSPIRA MUITOS MISSIONARIOS A SEREM IRMAO DOS POBRES

Nascido de uma família nobre e cristã, na França, em 15 de setembro de 1858, Carlos perdeu cedo seus pais e foi cuidado pelo avô que, pela tradição familiar, o influenciou a seguir carreira militar.
Carlos viveu a juventude com muita indisciplina, o que lhe resultou em expulsões da escola e do exército. A vida libertina parecia ser uma resposta à dor pela morte do avô. Os amigos viam em Carlos um homem fantástico, inteligente e gentil. Contudo, em sua vida não havia espaço para Deus, sendo assim preenchida com banquetes, esbanjamentos, jogos...
Com a herança que recebeu de seu avô, ele deixava de receber até o salário de militar. No auge da juventude, com 23 anos, Carlos se ofereceu para fazer parte do exército que seria enviado para acabar com uma rebelião na Argélia, colônia francesa na época.
A EXPERIÊNCIA NA ARGÉLIA


Sua estadia neste país africano lhe reservou experiências marcantes. Começou a manifestar atitudes que jamais se esperavam dele: assumiu com coragem os sacrifícios, mostrou-se camarada com os colegas e passou a se interessar pela vida do povo do lugar. Impressionado com a fé dos muçulmanos, pediu a um árabe que o instruísse no Islã.
Quando retornou à França, já não era mais o mesmo jovem auto-suficiente. Não havia se tornado muçulmano, mas o islamismo havia-lhe mostrado que há alguém maior do que nós. Em Paris, perto da Igreja de Santo Agostinho, Carlos recebeu a ajuda de um sacerdote que o confessou e ensinou-lhe o caminho da oração. Por horas a fio, rezava: “Meu Deus, se vós existis, fazei com que eu vos conheça!”.

A CONVERSÃO

Aos 28 anos, converteu-se ao Evangelho de Jesus e chegou a ingressar num mosteiro trapista, em busca de oração e solidão. A conversão de Carlos de Foucauld teve a influência de duas experiências muito importantes, como escreve o Padre José Marchesi:
Cotidiano dos pastores do deserto
“Essa mudança de vida, na realidade, é fruto de uma luta interior que vem de longe e que foi determinada especialmente por dois momentos fundamentais: o encontro com o Islã e a amizade com a prima Maria de Bondy”.
Ao seu pedido “fazei com que eu vos conheça...”, Deus o atendeu e se manifestou. E Carlos se mostrou coerente: “Quando passei a acreditar na existência de Deus, percebi que não podia fazer outra coisa senão viver para ele”.
O MARTÍRIO
Irmão Carlos de Foucauld continuou ainda sua incansável busca pelo anonimato, a busca por uma vida de serviço no silêncio e na solidão. Por isso, deixou a vida monástica com seus confortos, foi a Nazaré, como era o seu desejo, mas acabou retornando à Argélia, disposto a testemunhar Cristo entre os muçulmanos. Querendo sempre mais a solidão e servir ao próximo no anonimato, já como padre, retirou-se para Tamanrasset, no centro do Saara, a fim de compartilhar da vida dos tuaregueses, um povo nômade e pobre.
Passou doze anos num pequeno quarto, rezando e lendo os evangelhos, mas, sobretudo, mergulhado na vida dos pastores do deserto. Quis ser irmão deles, irmão de todos, porque acreditava profundamente que somente assim poderia realizar o seu grande desejo: ser um “irmãozinho de Jesus”, amando-o perdidamente. Infelizmente, no dia l.º de dezembro de 1916, com 58 anos, o Irmão Carlos morreu com um tiro disparado por inimigos da tribo que ele havia adotado como família.

A ESPIRITUALIDADE

Carlos sempre esperou que algum companheiro quisesse compartilhar com ele o mesmo ideal e a mesma vida de Nazaré. Morreu sozinho. Só depois de alguns anos apareceram os primeiros “irmãozinhos” e “irmãzinhas”. Hoje, eles e elas são milhares. Dez congregações religiosas e oito associações de vida espiritual surgiram do carisma de Carlos de Foucauld. Atualmente, elas estão presentes no mundo inteiro, multiplicando a presença e o testemunho evangélico do “irmão universal”.
A espiritualidade de Carlos de Foucauld é um forte apelo para nós cristãos que achamos que o anúncio do Evangelho deve vir de grandes concentrações, de shows de evangelização, a ponto de copiarmos modelos que apresentam uma salvação desencarnada da realidade. O exemplo de Carlos nos convida a sermos servos e partícipes da mensagem de Jesus.


ORAÇÃO DO ABANDONO
(de Carlos de Foucauld)

Meu Pai, a vós me abandono: fazei de mim o que quiserdes! O que de mim fizerdes, eu vos agradeço. Estou pronto para tudo, aceito tudo, contanto que a vossa vontade se faça em mim e em todas as vossas criaturas. Não quero outra coisa, meu Deus.

Entrego a minha vida em vossas mãos, eu vo-la dou, meu Deus, com todo o amor do meu coração, porque eu vos amo. É para mim uma necessidade de amor dar-me, entregar-me em vossas mãos sem medida, com infinita confiança, porque sois meu Pai.


AMEM
Jornal - "MISSÃO JOVEM"